encontro

os encontros se dão na quebra

do esperado, quando o tempo

é espancado, as carapaças arrancadas

e a carne viva , feita de sangue e estria

se enxagua na imundice do ventre,

o peito se fecha, as águas se represam,

o mundo se põe fora das coisas do rio,

e quebra o copo, quebra a cara, quebra

as coisas que quebram, e dos estilhaços

de uma tragédia, vemos um rosto pálido,

o rosto onde uma alma respira alguma esperança,

um corpo se põe pra fora, o encontro encontra o

abismo que tanto separa como comunga,

e os beijos, então enlatados parecem

borboletas no cio, a gravidade pede sua

parte, as pedras se desesperam, e a luz

de uma manhã fala mãe, fala pai, fala filho,

árvore, rio pássaro, o canto das rãs. o luar

de algum deus esquecido, então duas

solidões diz mais sim que não, mais

vida que morte, mais pernas que descanso,

Ariano Monteiro
Enviado por Ariano Monteiro em 17/12/2020
Reeditado em 17/12/2020
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