Existo, logo penso (e porque penso, escrevo)
Tem dias que pensar para mim é pecado
Violo os preceitos religiosos que minha própria mente instituiu
O ato faltoso é sempre carregado de culpa.
Tem dias que pensar é uma doença
A doença do pensamento, acomete a alma
E quase parece uma prisão
Torturante como.
Sofrida que nem.
Tem dias que pensar é uma virtude
Um mecanismo inteligentíssimo e analítico.
Coisa linda de ver e de se saber.
Um atributo carregado de liberdade.
Que me orgulho, nestes dias,de possuir e fazer uso.
Tem dias que pensar é só verbo
Transitivo indireto
Inconjugável em primeira pessoa
Então, dispenso.
Por incapacidade mesmo.
Em todos os dias,
pensar é solitário,
subjetivo,
uma verdade-fantasia-não-toda.
De todo modo,
Quando cometo o pecado de pensar
E quando acometida pelo pensar obsessivo
Me redimo,
Me liberto,
Sublimando...
Escrevendo...
E me impelindo para fora.
Enquanto sujeito que sou de minha narrativa.