Existo, logo penso (e porque penso, escrevo)

Tem dias que pensar para mim é pecado

Violo os preceitos religiosos que minha própria mente instituiu

O ato faltoso é sempre carregado de culpa.

Tem dias que pensar é uma doença

A doença do pensamento, acomete a alma

E quase parece uma prisão

Torturante como.

Sofrida que nem.

Tem dias que pensar é uma virtude

Um mecanismo inteligentíssimo e analítico.

Coisa linda de ver e de se saber.

Um atributo carregado de liberdade.

Que me orgulho, nestes dias,de possuir e fazer uso.

Tem dias que pensar é só verbo

Transitivo indireto

Inconjugável em primeira pessoa

Então, dispenso.

Por incapacidade mesmo.

Em todos os dias,

pensar é solitário,

subjetivo,

uma verdade-fantasia-não-toda.

De todo modo,

Quando cometo o pecado de pensar

E quando acometida pelo pensar obsessivo

Me redimo,

Me liberto,

Sublimando...

Escrevendo...

E me impelindo para fora.

Enquanto sujeito que sou de minha narrativa.

Mariany Mendes
Enviado por Mariany Mendes em 17/12/2020
Reeditado em 17/12/2020
Código do texto: T7137764
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