Pena
Um rosto pálido, quase não se via
no meio das flores do ipê azul
derramado no chão
Parecia pedaços de céu
tingindo de amor, um coração
Procurou suas asas, queria
fugir, elas não estavam mais
Ouviu o barulho das águas caindo
da cachoeira,
tantas águas, mas não iria secar
Viu folhas se soltando
como se estivessem à se mudar
Tantas folhas queriam se libertar
Ao longe se ouvia o pássaro
cantando, sem querer encantar
Encantava demais
o seu canto era suave
Impossível de deixar
Alma leve, de anjo inocente
dando vida a um céu com uma
beleza agora diferente
Não sei, mas por ali havia passado
um anjo ou um pássaro
Sobre o travesseiro havia uma pena
como à fazer lembrar, suponho
Foi só um sonho
A porta estava aberta, a pena era azul
foi deixada sem querer
ou foi tangida pelos ventos
Sentiu um amor imenso, desses
que não acaba mais
A alma voltou para casa
Tinha pressa de deitar, deitou
chorou chorou até soluçar
chorou chorou até soluçar
Ao despertar percebeu
havia voado demais
_ Hora de parar, calar tudo
que estava sentindo
Conhecia todo céu, todo mar
a sede já não havia,
as sensações, nada adiantava
o grito preso
na garganta iria sufocar
Que pena, aos poucos
estava a poesia se despedindo.
havia voado demais
_ Hora de parar, calar tudo
que estava sentindo
Conhecia todo céu, todo mar
a sede já não havia,
as sensações, nada adiantava
o grito preso
na garganta iria sufocar
Que pena, aos poucos
estava a poesia se despedindo.