ESPERANTO

A cada passo passo a um passo a menos

e mais a agonia muda que torce os nervos

— de dentro para fora e de fora para dentro —

feito um choque elétrico corrosivo. E lento.

Ouço a música do outro lado, mas pressinto

a vida vazar pelo ladrão da alma sem rota

nas veias vindas bem do meio das vísceras

— de fora para dentro e de dentro para fora.

Chove em mim a chuva de córrego trêmulo.

Tudo o que poderia ser acabou não sendo.

A estola roxa do poema. O latim desse hiato.

Nada do que poderia ser acabou sendo de fato.

A sinfonia do silêncio. O timbre de um zumbido.

À capela do coração. E a telepatia dos espíritos.