ALABASTROS - GALOPE A BEIRA MAR

Deus fez este mundo com todo universo

Fez homem do barro, mulher da costela

Fez ela pra ele, fez ele pra ela

Conforme a natura sem ser controverso

Me fez um poeta, escritor desse verso

O dom me ofertou porque posso rimar

A mente que eu tenho se quero testar

Papel e caneta de mim se aproxima

Escrevo aqui embaixo o que vejo de cima

Nos dez de galope na beira do mar.

O verso que eu faço tem doce de rima

Sabor de canção declamada nos astros

Perfume suave de dez alabastros

Propício do tempo do espaço e do clima

Se basta a si mesmo em si próprio sublima

De nada precisa pra lhe completar

Percorre na capa mais fina do ar

Não para no ocaso, nem sente atropelo

Tem meu pensamento por seu escabelo

Nos dez de galope na beira do mar.

Em cada palavra que faço nascê-lo

Eu sinto a vitória do denso trabalho

Por isso é que sigo baixando esse malho

Pesado se nota, mas posso fazê-lo

Tragando a essência do fino cabelo

Da musa mais bela que vejo aportar

Bem perto de mim e no mesmo lugar

Se senta ao meu lado, então vejo seu colo

Eu sou turbinado bem mais que o Apollo

Nos dez de galope na beira do mar.

No meu pensamento palavras eu rolo

De um lado pro outro com muita prudência

Calando a vertigem com bela ciência

Arrisco no esforço sem ter protocolo

E nesse prelúdio de amor cantarolo

Um lindo estribilho em que posso saudar

A face da musa que vem me escutar

Atenta a meu canto que nela se exalta

De nada depende, de nada tem falta

Nos dez de galope na beira do mar.

Compondo estes hinos já não sou peralta

Pois tenho a gnose que vem nas aragens

E dela por dia redobro as tiragens

Frações calculadas que a soma tem alta

Um tanto acelera chegando a ribalta

Se enquadra no espaço tendendo a voltar

Voltando na voz para quem quer cantar

Pois isso é repente que a gente improvisa

Que sai pela boca, transforma e batiza

Nos dez de galope na beira do mar.

No campo do verso se a gente agiliza

Não sente colapso tem mais produção

Cantando o planeta chamado sertão

Sentindo os açoites mais leves da brisa

Olhando de perto no chão que se pisa

A nossa afoiteza nos faz galopar

Daí para pouco pegamos voar

Sem ter intervalo, passamos direto

Pois todo poeta tem disso, é repleto

Nos dez de galope na beira do mar.

De toda matéria só ele é completo

Descreve no prazo da coisa que apura

Ensaio prendado de toda cultura

Em poucos segundos refaz seu projeto

Amante do verso, se faz arquiteto

Desenha um programa, só basta pensar

E quando termina não vai matutar

Pois tudo que cria concorre perfeito

Só Deus é quem pode apontar o defeito

Nos dez de galope na beira do mar.

Baixa Grande 22/03/2020

Luiz Izidorio
Enviado por Luiz Izidorio em 15/12/2020
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