Poesia velha de guerra

Tive fome

Abstinência

Estive nos polos

Com os olhos turvos

De me ver por dentro...

Mas ela não me deixou

Isolei o sol

As risadas

Tangi a esperança

Do meu ar

Com raiva

Com pressa

De me afogar...

E ela permaneceu

Dormi na calçada

Da rua esquecida

De pedras amareladas

Sob luzes indiferentes

O corpo esfarrapado

De memórias

Do que queria ser...

Ela sempre ao lado

Peguei o maldito bonde

Arrastando-me para alcançar

Na esquina de despedidas

Aquela mão de outrora

Que um dia afagou

Este rosto molhado...

Só ela teve a delicadeza

Rogo a Deus

Por estatura

De encará-la de frente

Sacudir seus braços

Pedir pra não ir embora

Não me deixar nunca em paz...

E meus olhos

Exalando alma suplicante

Ver calar os lábios novamente

Por tua mão etérea

E tua boca a dizer:

Não fala mais nada

Sempre estarei aqui

Neste teu poema

Daribe Simbar
Enviado por Daribe Simbar em 14/12/2020
Reeditado em 17/04/2023
Código do texto: T7135664
Classificação de conteúdo: seguro