Poesia velha de guerra
Tive fome
Abstinência
Estive nos polos
Com os olhos turvos
De me ver por dentro...
Mas ela não me deixou
Isolei o sol
As risadas
Tangi a esperança
Do meu ar
Com raiva
Com pressa
De me afogar...
E ela permaneceu
Dormi na calçada
Da rua esquecida
De pedras amareladas
Sob luzes indiferentes
O corpo esfarrapado
De memórias
Do que queria ser...
Ela sempre ao lado
Peguei o maldito bonde
Arrastando-me para alcançar
Na esquina de despedidas
Aquela mão de outrora
Que um dia afagou
Este rosto molhado...
Só ela teve a delicadeza
Rogo a Deus
Por estatura
De encará-la de frente
Sacudir seus braços
Pedir pra não ir embora
Não me deixar nunca em paz...
E meus olhos
Exalando alma suplicante
Ver calar os lábios novamente
Por tua mão etérea
E tua boca a dizer:
Não fala mais nada
Sempre estarei aqui
Neste teu poema