Duplo sentido
Quando morrerem todos os papéis
Haverá um muro qualquer na avenida
Para se traçar o caminho
Haverá um outro meio qualquer
Para se definir ao sentido duplo,
Mesmo que o escalão seja forte
E o caminho a morte.
Haverá uma rima perdida
Para mostrar a conotação
E os traços hão de aparecer por si
No meio de todos os troços,
Em meio aos fantasmas
Em meio aos esforços.
Quando morrerem todos os papéis
Haverá o dia para falar da claridade
E o desejo para falar do amor
Haverá a necessidade de não repetir essas palavras frouxas,
Porque o tempo será limitado
E também não será preciso contar moedas
Todos os níqueis serão um só
Todas as pessoas terão o momento perene,
Sem esse quê de solene
Que não consegue sequer
Habitar aos papéis.
Quando tudo começar
Todos os papeis hão de rolar.