DIAS CINZAS

Vivo uma mentira

Todos os dias o despertador toca

E tudo começa outra vez

Abro os olhos e a mente tá vazia

Tento me recompor

Meus pensamentos giram

Feito uma roda gigante

Lenta e pavorosa

Uso o sorriso como disfarce

Mas os meus olhos me denunciam

Com seus gritos frenéticos

Ninguém escuta

Todos estão ocupados em seus mundos

Resolvendo seus próprios dilemas

Me perder de vista assim é assustador

Então, aderi a capa da invisibilidade

E me absorvi em meu mundo subjetivo

Eu sei

É demais pra mim

Tem dias que dói

Tem dias que são pesados

Mas sou filha da resiliência

Nem sem

Confesso que às vezes desabo

Porém, aprendi que temporais passam

Que dias ruins também encerram seus ciclos

Não sei quantas máscaras terei que usar

Ou quantos sorrisos ainda terei que pintar

Quem sabe amanhã a esperança me acorde

Com o beijo doce de outra realidade

Ou o despertador não toque

E o meu despertar seja interrompido

Eu não sei

Confesso que ainda tenho medo do do desconhecido

A vida é um risco inevitável

Não é isso que dizem?

E, embora eu não me arrisque tão indevidamente

Ainda tento voar além das nuvens

Mas continuo aqui

Com os pés cravados no abismo

Vivendo dias vazios

Tão paradoxalmente

Cheio de tudo.

Xícaras de Prosa
Enviado por Xícaras de Prosa em 10/12/2020
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