DIAS CINZAS
Vivo uma mentira
Todos os dias o despertador toca
E tudo começa outra vez
Abro os olhos e a mente tá vazia
Tento me recompor
Meus pensamentos giram
Feito uma roda gigante
Lenta e pavorosa
Uso o sorriso como disfarce
Mas os meus olhos me denunciam
Com seus gritos frenéticos
Ninguém escuta
Todos estão ocupados em seus mundos
Resolvendo seus próprios dilemas
Me perder de vista assim é assustador
Então, aderi a capa da invisibilidade
E me absorvi em meu mundo subjetivo
Eu sei
É demais pra mim
Tem dias que dói
Tem dias que são pesados
Mas sou filha da resiliência
Nem sem
Confesso que às vezes desabo
Porém, aprendi que temporais passam
Que dias ruins também encerram seus ciclos
Não sei quantas máscaras terei que usar
Ou quantos sorrisos ainda terei que pintar
Quem sabe amanhã a esperança me acorde
Com o beijo doce de outra realidade
Ou o despertador não toque
E o meu despertar seja interrompido
Eu não sei
Confesso que ainda tenho medo do do desconhecido
A vida é um risco inevitável
Não é isso que dizem?
E, embora eu não me arrisque tão indevidamente
Ainda tento voar além das nuvens
Mas continuo aqui
Com os pés cravados no abismo
Vivendo dias vazios
Tão paradoxalmente
Cheio de tudo.