Solidão

Restou-se a sarjeta dos desvalidos

Abjeta guarida do lodo das angústias

Destinada aos poetas de espírito

Que definham na fome de versos nunca lidos

Atiro-me ao precipício das paixões perdidas

E em cada pecado, seus dissabores

Pagos com a moeda que alimenta a morte

Sombra infalível que não me apraz

Reviro cartas antigas, odes ao amor

Manuscritos traços de doce esperança

Fulguram retratos do passado

Que já não creio mais

Cada olhar perdido que me cerca

Não percebem a minha existência

No banquete da imagética simplória

Deliciam-se os zumbis hipnotizados

Por que fui escolhido à megera lucidez?

Preferiria a ignorância do que a tortura de saber

Amigos queridos já se foram em tenra idade

E nas madrugadas, ninguém mais a confabular

Onde estão meus semelhantes nesta mera ilusão?

Não quero ficar aqui sozinho

Na tortura de perseguir o silêncio

Sem a gentileza do seu amargo cafezinho

Diogo Nascimento Oliveira
Enviado por Diogo Nascimento Oliveira em 10/12/2020
Reeditado em 10/12/2020
Código do texto: T7132551
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