PRELÚDIO

Em cada canto que se esconde a nuvem

O vento leste traz consigo a chuva

Que cai na terra fecundando a rama

Como se fosse assim a mão e a luva.

Dos cantos simples que se escode a treva

Um raio flerte de apogeu nas ânsias

Expulsa o bravo de qualquer negrume

E leva embora sem juntar ganâncias.

O barco vela com a vela solta

Se apaga a vela não há mais vigília

Fica o poeta sem escrita longa

Como Tomás, ao ficar sem Marília.

Ouvi dos portos que a paixão se esconde

Achados puros de sonoros cantos

Onde os prelúdios já não são prelúdios

Mas são reais, imaculados, santos!

Baixa Grande 19/03/2020

Luiz Izidorio
Enviado por Luiz Izidorio em 09/12/2020
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