PRELÚDIO
Em cada canto que se esconde a nuvem
O vento leste traz consigo a chuva
Que cai na terra fecundando a rama
Como se fosse assim a mão e a luva.
Dos cantos simples que se escode a treva
Um raio flerte de apogeu nas ânsias
Expulsa o bravo de qualquer negrume
E leva embora sem juntar ganâncias.
O barco vela com a vela solta
Se apaga a vela não há mais vigília
Fica o poeta sem escrita longa
Como Tomás, ao ficar sem Marília.
Ouvi dos portos que a paixão se esconde
Achados puros de sonoros cantos
Onde os prelúdios já não são prelúdios
Mas são reais, imaculados, santos!
Baixa Grande 19/03/2020