quadra do rexona à noite

beijaria sua boca, beijava,

sentiria teu cheiro rolando o rosto pelas tuas costas...

Daí acordaria, a janela já ia tá gritando pra ser aberta,

o pano bufando, mais um dia de rotina

sem nada novo, futuro é cedo.

foi só um inseto, sobrevoou, mas tava dentro da carne se alimentando do medo. que há em mim, ti,

nós

você aí e eu aqui,

mané nós

esse é o lugar das nossas almas, lugar da minha alma

de corpo querendo liberdade, do vácuo

sob as luzes da cidade, olhar vago enxerga muito pouco.

busca cava mata grita vida

a opia do tóxico gira na quadra

urra teu ódio na cara de cada praga!

continua repetindo

é tarde demais pra voltar atrás - é tarde demais pra voltar atrás

D E S A P A R E C E U

- Diz aqui quem manda em si

- No alto daquela escola aquela pessoa

- Mas não tem ninguém

- Tem sim

Descobri, essa era a droga do epitáfio: a foda foi ruim.

- Entendo

- Doeu tanto

- Não vou

- É que os motivos são estranhos, nem eu entendo

nem frio nem calor.

sexta obscura,

também já me cansei das outras.

- Tô sentindo o corpo vivo.

- Agora não mais.

talvez o convívio vá me matar,

talvez a relação humana seja mesmo necessária,

por já estar acostumada nada é o fim do mundo,

só não sobrevive à morte.

Ainda assim não da pra matar se esse tempo todo esteve morrendo e renascendo.

- Fim?

14/outubro/2017 folhaderelva

Beleléu Leléu
Enviado por Beleléu Leléu em 07/12/2020
Código do texto: T7130153
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