Máscara
Dorme à sombra e flâmula
A orla branda e branca,
Rútila de orna e oscula,
Lábios de cidra, carranca;
Pétrea do antigo sentir.
És tu, augusta, imensa,
Guardada sob a extensa
Luz, que vejo então partir -
Alma minha que se parte.
São seus olhos, túnicas
De bronze, luzes cínicas,
Que dorme a fina arte,
Que toma-me ao ar repleto.
Escamada de brilho vibra,
Sons e sonos, como a víbora
Que foge, mas dá o perpetuo
Veneno àquele que se aproxima.
Esbaldada vens tu e germina
À áurea que ao céu predomina,
O azul coração que se exima.
Dorme à sombra e flâmula
A orla branda e branca:
Rútila de orna e oscula,
Cingindo os lábios de carranca.