Devaneios não tão alheios

Pessoas como nós,

Nasceram para estar sós,

Queimando como sóis,

Amarradas entre nós.

Mas não é devaneio,

Embora me sinta tão alheio,

Bala perdida em tiroteio,

Touro bravo em rodeio.

E me apazigua a solidão,

Mesmo que eu sinta a escuridão,

Vazio e murcho meu coração,

Eu repito a mim mesmo: "não".

Mas não foi culpa minha,

Ser triste e sozinha,

Ser uma alma que definha,

Entre essas pequenas rimas...

O meu distúrbio secreto,

Se escondeu inquieto,

Deixando meus olhos cegos,

Fazendo-me viver meu próprio inferno.

Mas a verdade veio a tona,

Me deixando um pouco tonta,

E enfim eu pode entender a caótica zona,

Revestida por essa lona.

Não era loucura,

Não era frescura,

Não era drama,

Não era uma trama,

Porque no final eu pude entender,

No final eu pude compreender,

Minha vontade de morrer,

E o risco que eu estava a correr.

Eram devaneios,

Sintomas de um primeiro,

E quando diagnóstico veio,

Eu pude saber por inteiro.

—boderline, devaneio não tão alheio.

Natália Reis de Assis
Enviado por Natália Reis de Assis em 07/12/2020
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