Eram áridas as mentes e as mãos vazias…
Eram áridas as mentes e as mãos vazias…
Eram desérticas, vazias de sonhos
onde os pássaros incertos, nidificavam nas ondas
esvoaçando sempre na direcção oposta ao nascente…
Olhares que fugiam, desviavam-se
Palavras que cortavam o vento, os corpos sedentos
no silêncio da escuridão, eclipses solares
na grega luta, combate entre o sentir intenso,
e a mente em ebulição, insónias e sonhos
O desejo do amor que gritava: entrega-te!
Mas era corrompido pelas mãos vazias e dedos calejados
pela concreta razão que os empurravam para a solidão
rasguem-se os dias e as noites…
Esbarraram-se na madrugada fria,
Noites veraneias, na totalidade dos devaneios e sentidos,
Germinam os gemidos e sussurros
Quentes são as areias desérticas do mar aberto…
sussurros fundiram mente e coração.
E nos abraços abocanham os sonhos e os ninhos…
Eram áridas as mentes e as mãos vazias…
nelas o corpo ganhou matéria com o pó dos sonhos…
E delas fizeram-se as estrelas e os orgasmos…
do amor se formaram as asas…
e voaram a par…
Alberto Cuddel
07/08/2020
04:40
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