TRAGO POESIA
Trago poesia no cuspe
que umedece a terra seca
donde brotam esperanças
regadas por meu suor.
Trago poesia no suor
gasto em trabalho vão
que nunca me dará o tanto
pra comprar minha ilusão.
Mas o que importa a ilusão
que habita meu coração,
se trago poesia na alma
e carrego poesia na palma?
Trago poesia simplória,
trago poesia urgente,
poesia da nossa história,
que conta a vida da gente!
Trago poesia verdade,
trago poesia sentida,
trago poesia sem luxo,
trago poesia despida.
Trago poesia denúncia,
trago poesia aguerrida,
trago poesia sem medo,
trago poesia sofrida.
Por ver tanta indiferença,
tanta desumanidade,
tanto mal, tanta descrença,
desta nossa humanidade!
Me tornei um ser poeta,
sem querer, de fato, o ser;
só porque a poesia
me deu vazão pra viver.
Me deu asas pra voar,
me deu dentes pra morder,
me deu garras pra lutar,
chance de sobreviver!
— Antonio Costta