Soneto XXIX
Nesta solidão em que me deprimo
Não quero ser eu, quero de mim, fugir
Pra qualquer lugar onde não se possa ir
Quero ser, de mim mesmo, o assassino
Ser, por mim mesmo, pobre poeta
Amante das folhas de meus escritos
E, como os meus poemas malditos
De maldição, minh'alma seja repleta
No horizonte do nada, sempre infinito
Serei, destas almas, o ser mais maldito
Sei que aqui, a solidão é minha parasita.
Eis que haverá, um dia, acredito
Em que eu morra, e aí, eu quero e repito
De maldição, minh'alma seja repleta e infinita.