EMBRIAGADO
Francisco de Paula Melo Aguiar
É aquele que bebe para se embriagar
Porque ingeriu álcool demais...
Tem uns que vão dormir, curtir até acordar.
Para beber de novo até ficar incapaz.
Tem outro que fica acordado.
Dizendo asneira, um festival de besteira.
Que o faz no dia seguinte se sentir culpado.
Pelas verdades contadas na bebedeira.
E sai por ai pedindo desculpa.
Desmentindo tudo que disse.
Sóbrio é hipócrita, não fala, apenas escuta.
Tem vergonha e não fica de tagarelice.
Na realidade a autocensura do embriagado.
Cala, silencia e o que vem a boca fala.
Tudo que sabe de verdade é contado.
Não gagueja, pestaneja ou entala.
A sinceridade do embriagado sai na fala.
Uma verdadeira curtição de roupa suja.
Da vida alheia, conta tudo e não se abala.
Faz o circo ao seu modo até que o palhaço fuja.
E até porque cabeça de juiz e rio cheio.
É semelhante o que vai sair depois da bebida.
Cria reino, acaba trono e deixa cavalo sem freio.
Mais cedo ou mais tarde tudo é intriga e briga.
A culpa da verdade é a água que passarinho não bebe.
Já se embriaga para perder a vergonha e tudo dizer.
O que sabe e o que não sabe da vida alheia se percebe.
A confusão é feia com quem discordar, doa em quem doer.