Da forma que ama um louco
Talvez eu ame
o pedaço
que você deixou dentro de mim,
como um espinho
encravado na carne
do meu braço.
Talvez eu ame, mais do que odeie
todo o resto,
que ainda dói,
e as mágoas que me rasgam
sempre que te procuro
do meu lado,
quando as luzes do quarto
se apagam.
Talvez não exista nada
da primavera, entre as ruas desta cidade,
além do calor
que me corrói,
no meio da madrugada.
Talvez, por este fato,
nada tenha brotado
do que sempre me falavas
que era o seu amor,
se é que me amavas,
de verdade.
Talvez já não possas me ouvir
mas eu sempre sussurro
aos nossos lençóis,
que já não me arrependo,
oh, minha flor,
eu não me arrependo, nem um pouco,
de ter me deixado enganar
pelos gemidos que me davas,
E por tê-la amado,
e talvez ainda amar,
da mesma forma
que ama um louco.