Vaidade vã

Que horror tenho

Destes teus cabelos

Meticulosamente tingidos

Para renegar teus grisalhos

E esses dentes tão esbranquiçados

Tal qual como se fossem alvejados

Com doses alopáticas

De pura água sanitária

Prefiro a fumaça tóxica

Dos meus tragos dolentes

Que afloram com o passar dos dias

A beleza do amarelar

Como detesto tirar retratos

Tantas vezes tenho que fingir

Forçar o sorriso e a felicidade

Sem a singela espontaneidade

E agora inventaram o botox!

Injetado pra inchar a cara

Feito a minha

Em dia de ressaca

Não se cansa de perseguir

De tentar ser o que não se é

Com força bruta, seu espelho foi quebrado

E assim Narciso se perdeu

E conheceu uma senhora

De idade centenária

Suas mãos fracas

E a pele toda rachada

As vistas já cansadas

Não muito enxergava

Mas seu brilho interno

No semblante reverberava

E se sentiu orgulhosa

Pois seu estado carcomido

É o cumprimento de sua história

Sabe que do pó, não há escapatória!

Diogo Nascimento Oliveira
Enviado por Diogo Nascimento Oliveira em 25/11/2020
Reeditado em 01/12/2020
Código do texto: T7120178
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.