a última poesia
a última poesia
e desço a avenida
sem perceber
apenas a poesia
na ribanceira
os dias tem sido de metáforas
não olho mais nos olhos
quando saio carrego receio
e não anseio sair
ontem revisei duas poesias
uma foi parar no lixo
fiquei me perguntando
bicho? que lixo. toca outra
hoje fixo
o mote
e a forma
na fôrma
na fórmula
na plataforma
em forma
prolixo
não importa
o veredicto
não fica
por isso
há enguiço
fronteiriço
é pouco o que se mostra
é sempre pouco
o que se mostra
o que se mostra se esconde
veja o silêncio
o teu maior silêncio
este mesmo que não responde
atribuímos sentido
ao indevido
ao pervertido
destituídos de sentido
tão indevidos
tão pervertidos
e deve continuar assim
veja como é a mesma manhã
veja como é a mesma manhã
na ribanceira – a poesia