Deus(2)

O que será que ele está pensando?

O que será que ele está olhando?

Será que ele se importa?

Será que ele consegue salvar?

Será que ele é mesquinho? Covarde? Hipócrita?

Ou que

Simplesmente esta dormindo depois de um longo período de trabalho?

Simplesmente

Cansou

De nos olhar?

Vendo

Repetidamente

As velhas revoluções

E os velhos erros?

Oh, onde você esta?

Sim, onde você esta?

Será que você está aqui?

Será que você está aqui?

Nas cidades

Nas florestas

Nos remalho de cavalos

Nos velhos campos ordenados por fazendeiros

Nos doces rios que amamenta as ovelhas?

Você está comigo ...

Está com os olhos lacrimejando

Está nos observando?

Está cantando e ouvindo as orações daquele velho e solitário mendigo da esquina?

Você ainda nos observa?

Por que as vezes eu sinto que os aviões não poderiam ter pernas?

E que as estrelas invisíveis existem por um acaso?

Por que eu acho que marte esta escondendo velhos astronautas?

E que o sol de ontem era mais amigo que o sol de hoje?

Por que eu me sinto feliz quando ando sozinho no jardim do hospício

Invés de amar a solidão do deserto?

me digas

Onde você está?

Onde você se revelou?

Onde você nasceu ou ...simplesmente tentou nascer?

Talvez pra tú não tem começos

E nem fins

Mas por que então criou um mundo onde tudo começa

e acaba?

O que você está criando agora?

Que infinito você está aprofundando?

Oh...meu amigo...

Eu não sei de nada.

De nada mesmo.

Só sei da cor dos olhos daquela velha bruxa

Enquanto ela estava olhando pra lua

Morrendo queimada...

Vendo o horror do homem

E o mistério formidável de tua celebre figura...

Histórias e sublimes

Levando-me longe

Eu vejo as historias.

Eu vejo

O começo dos tempos

E o ápice do fim dos homens.

Vejo as inúmeras quedas

As repetidas doses de frutos caídos da arvore de Éden

Os repetidos soluços de crianças solitárias que estão andando ofendidas por serem desprezadas

E naturalmente

Vejo com vigor

O ápice das indiferenças

E as consequências disso.

Eu vejo a eterna dor

Implantada dos olhos dos marinheiros que acompanhavam Moby Dick

E a eterna danação Dantesca

De perambular dos infernos solitários que os bares me deixou...

Assim, como vejo

Vários homens presos a latas de metais

Vendo aquelas loucas putas mostrando as grossas pernas

Ao som de um jazz solene e melancólico...

E vejo com tristeza

A morte solene do meu neto trancado num hospital olhando pro rosto da mulher da vida dele

Assim como eu sinto

As ultimas músicas tocadas do mundo

Os últimos abraços feitos do mundo

As ultimas pontes quebradas pelos ventos proferido por Moloch

E os últimos olhares lacrimosos dos amantes ....

Vejo o sublime do ato

De tentar sangrar

E ao mesmo tempo sorrir

Pelo prazer de ver uma rosa perdida

No mar de concreto...

Um olhar

Mesmo infantil e ridículo

De um anjo solitário

Andando das eternas fileiras de esfomeados

E Reproduzindo a valiosa moeda da compaixão...

Ecoando

As canções de ninar

Para os olhos dos homens tão perdidos e loucos quanto

Eu

E vendo que

Ainda me enforquei

Apesar de que depois

Eu sai da arvore para beber um suco de maça...

Sim, aquele suco de maça que Juliane fez

Enquanto eu ainda me sinto preso graciosamente aos olhares do sol

E aos abismos infinitos que esconde a imensidão do mar...

Enquanto brevemente sinto

O êxtase do teu corpo saltitando

Enquanto sorrio timidamente pensando como uma coisa tão bela

Pode afetar um monstro tão imperfeito?

CaiqueM
Enviado por CaiqueM em 22/11/2020
Reeditado em 22/11/2020
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