HOMEM DE COR
por Regilene Rodrigues Neves
Era a multidão
Uma passarela...
Teu vulto
Oculto entre milhões
Eram os centuriões
O teu cárcere.
Nas cores que pintaram tua aquarela
Não fora o matiz da tua infância
Mas o negro da tua criança
Que o mundo escravizou.
Tornou-te escárnio de uma raça
Que em praça
Tantas vezes acorrentou...Chicoteou...
E a tua inocência nada mais encontrou
Do que as lágrimas da tua ignorância!
Aquela euforia por tua presença
Tema da tua figura abandonada
Na calada da tua dor!
Tantas vezes
A fome roubava-te a lucidez
E no definhar da tua sensatez
Jogavas teu corpo pelas calçadas
Na tormenta da carência
E do desamor
Rastejava pelo passado
Em busca de um princípio
E no teu início
Nada mais que um homem de cor
Que a humanidade escravizou!
Marcou
Fez-te piadas
Motivo de risadas
Por quê?
Porque era negra tua cor!