POEMA NEGRO

Sobre esta página em branco

deposito a seiva do grafite negro.

Leia, branco, o que o preto mostra,

o que estava oculto e tua alma gosta,

o blues da voz negra em New Orleans,

os poetas negros te mostrando que sim,

que poderia haver uma só nação,

negros e brancos, um só coração...

A tua crueldade não teve limites...

A tua corda enforcou vidas,

o teu revólver assassinou crianças,

o teu ódio feriu a humanidade,

tua cor repudiou a outra cor,

ainda hoje, ainda hoje,

ainda hoje...

Leia, branco,

o sangue desta poesia ainda nascente,

os brancos dentes, a pele negra,

o vermelho sangue que nos une...

Acorde, branco, antes que a noite

te envolva e precise da voz opulenta

para te trazer de volta à realidade.