BARES DA VIDA

Garçom! Por favor...

Dois dedos de prosa

um trago de cachaça

e um pouco de atenção.

Traga-me um pano

e limpe essa dor

espalhada no balcão.

Garçom! Por favor...

Mais duas cachaças,

uma pra mim,

outra pra minha alucinação.

Deixe-me logo a garrafa,

baixe o volume da saudade

ou ao menos mude de estação.

Garçom! Por favor...

Cigarro, isqueiro e cinzeiro,

papel e caneta tinteiro

e bom bocado de inspiração.

Um envelope sem remetente,

e peça água de colônia ao barbeiro

para disfarçar o cheiro desta assombração.

Garçom! Por favor...

Uma canção de Amor

e um bocado de gelo

pra anestesiar meu coração

E traga logo a minha conta

e um prego de pendurar alma

tão maltratada pela paixão.

Garçom! Por favor...

E se eu não vier resgatá-la,

é porque não preciso mais,

use-a para limpar o chão!