FAVELAS, QUILOMBOS & SENZALAS
FAVELAS, QUILOMBOS & SENZALAS
“Stamos em plena América!"
Perdidos no Novo Mundo mil negros retintos de olhos no fundo.
No escuro da noite ressoam seus gritos, gemidos no açoite.
Pararam sua ginga, prenderam seus passos travaram sua dança.
Cortaram sua língua, ataram seus braços, mataram a esperança.
É o sol, é o tronco, é a saudade É a dor, é o amor à liberdade É a sorte, é o cativeiro, é a chibata É o banzo, é a morte, é a senzala.
Epa! tem nego fujão aí! ....................................... .......................................
Misturados com a noite mil vultos sem sombras fugindo do açoite.
Perdidos no mato, caminham pra longe, sem rumo, só rastos.
Quebraram seus santos, rasgaram suas roupas, negaram seus nomes.
Calaram seu canto, taparam suas bocas, mataram o homem.
É o sol, é o suor, é a ansiedade É a dor, é a dura caminhada É enfim a paz, tão desejada É o amor, é o Quilombo, é a liberdade!
................................................... ...................................................
Mas, é tão longo o mar, quando o triste aviso do canhão no ar põe fim ao riso, ao sonho, às delícias, ao efêmero paraíso!
Epa! Tem nego fujão aí! ..................................................... .....................................................
Mulambos sem sorte, mil gentes sem brilho fugindo da morte.
Perdidos no tempo, caminham pra longe ao sabor do vento.
Cegaram sua vista, cobriram seus rostos, sujaram sua imagem.
Negaram as conquistas, salgaram seu gosto, furtaram a coragem.
É o frio, é a fome, é a calçada É a ponte, é a rua, é a madrugada É a vida, é o ódio, é a miséria É a dor, é a morte, é a favela.
.......................................................... ..........................................................
Mas, se, da senzala a dor, ainda, o corpo grita, do quilombo a flor, também, o coração agita e da favela, o sonho um dia ressuscita...
Epa! tem nego fujão aí!
CARLOS GABRIEL