Fala errada
Sabe menina,
nós procuramos falar de tudo e de todos,
falamos da vida a dois,
da vida alheia,
de alegria, de martírio
de tristeza, de ternura,
falamos de amor,
não o nosso, mas falamos!
Sabe mocinha,
caminhamos por um longo caminho
silencioso nas pedras e trilhas,
onde tive vontade de parar,
e de te olhar, te abraçar, te beijar
falar de tudo que o artista sonhador
canta como forma de carta ou mesmo de poesia.
Sabe madame,
nós falamos de briga,
ciúme, da chuva, do calor,
só não falamos do nosso coerente verso de amor;
falamos dos inimigos, que não perdoamos
por não existirem ate o momento,
falamos dos Ministros e seu Ministérios
só não falamos dos versos estilizados
que nunca filosofamos para nós.
Sabe parceira,
falamos dos meus olhos verdes que brilhavam
com o seu grito apaixonado e louco,
de como é bom estamos juntos nesta cidade,
no tempo que nunca obedece nossas vontades,
só não falamos do peito rasgado por falta de Fe.
Sabe amante,
falamos de tudo, molecagem,
mangueira carregada, da saudade,
do lume de estrela que brilha com a sua presença,
só não falamos da sua partida que enfim chegou.
Sabe morena,
continuo gritando no meu silêncio pela mulher
que ainda amo, mesmo distante, na efervescência
dos preconceitos existidos naquele momento,
em tensão recompensada na vontade, na coragem,
na devoção alegre silenciada na força da arte
que reprimiu e nos tornou assim,
sem vontade, sem nada, sem o desejo de ouvi
emocionado na intuição de um coração partido,
por uma fala errada no momento inoportuno.