Dolores
Vivia Dolores
cercada de flores
na casa amarela
da Rua Aquarela.
Janelas vermelhas,
assim como as telhas,
a casa bonita
ninguém mais habita.
Na cama Dolores
curava-me as dores
de amores desfeitos
que ardiam no peito.
Secava nas tardes
meu pranto covarde.
Na ausência do ninho,
choro hoje sozinho.
Onde anda Dolores,
que tratava as dores
de amores desfeitos,
no altar do seu leito?
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N. do A. – Na ilustração, Dama de Vermelho de Vladimir Volegov (Rússia, 1957).