O PRATO DO DIA
há dias não como
me parece redentora a dor da fome
e me parece visível um traço de purificação
detrás da pele fosca de quem não come
há dias também não bebo
o de costume senão água de chuva
como se entre monóxidos houvesse um átomo divino
que com preces incrédulas coadjuva
sem pão e sem fruta
a língua se entende com as palavras
e a mente faz boa digestão
sem néctar e sem suco
a garganta rebelde se tranca
para conforto do coração