AMAPAGÃO

Um súbito apagão, gerou comoção,

comprometendo a vida no Torrão,

Gerando grandes calamidades,

Nos interiores e nas cidades.

Com a desculpa de um relampejar,

O caos veio se instalar.

Querem colocar o carro na frente do boi...

Falta de aviso não foi.

Estratégia sinistra deixou seu rastro,

A música já estava fora do compasso.

Na geladeira, frizeer, o desperdício,

É o povo à beira do precipício.

E ao fazer sua reivindicação,

Só faltou ser jogado no camburão,

O que não quer calar, é a afirmação

"Estamos em plena modernização".

De volta ao tempo primitivo

Poder público descomprometido.

Que terceriza querendo se livrar,

E esquece de fiscalizar.

A mídia viraliza o estorvo

Culpados, com a corda no pescoço.

Tecem planos de racionamento

Como se fosse dar fim ao tormento

Às vezes confesso, quero ser otimista.

Mas me deparo com tanta injustiça

Além do fluxo da pandemia,

Temos os desmandos da oligarquia.

Estamos em isolamento total

Onde está a segurança nacional?

Sem comida, água e comunicação

O raio flamejante na escuridão

Seu clarão, é só ficção.

Queremos água, pão e energia!

As comunidades em extrema gritaria.

É queimada, protesto, panelaço

Um cenário de tremendo descaso.

Que o sangue de púrpura flor

Reacenda a cor da esperança.

Nas vidas que carregam a dor,

Ancião, adulto, jovem, criança...

Estamos no beco em pleno blecaute

Ninguém merece esse nocaute.

Noites mau dormidas meu irmão.

Verdadeiro Amapagão.

Negra Aurea: 18/11/2020