UM DIA DE NINGUÉM
Nenhum dia foi como este; leve... não houve precariedade e ninguém gritou no portão. Dizendo como que desce a escada, como sobe para o fim do mundo... todas as toalhas estavam secas e nenhuma comida estragou ou passou do ponto. Ao menos naquele dia de ninguém.
Foi estranhamente perfeito. Lúdico como houvesse circo na cidade, puritano ao ponto de nos chamarmos de irmãos, por um segundo a morte sumiu. O impossível ficou sem jeito quando nos viu, quando suspirou de dor aos lamentos da desigualdade.
Inacessível, incontrolável, incapaz de outro dia como esse acontecer... quando os olhos nos encontravam era riso, cumprimento. Quando não tinha assunto nossos olhos gritavam; garoava amor e ao mesmo tempo pingos de solidão.
Um pensamento de semideus; um estrume de qualidades imperfeitas, de concordâncias que não concordam, ao menos se vive nos dias e a noite serve para dormir; nesses mesmos dias que sonhamos nunca mais acabar. Emudecer das preferências que nos dão e, dos enviados amores que um dia todos nós teremos de volta.