PANO DE FUNDO
Dedilho o verso feito um violão sem cordas
e o poema de éter se volatiliza e vai e volta
no frio do vento que arrasta enquanto passa
por entre as alfazemas da manhã que exalam
os roxos cinzas, a paleta de chumbo e de prata
que circunda a encosta e o morro verde água.
Insisto nas rajadas, horas, nuvens e fumaças
rasas: a poesia paira onde pode ser camuflada.
Nesta caixa oca eu abafo a minha corimba calada,
acendo uma vela na mente e estendo o despacho,
quando rogo às almas que se movem no espaço,
um fechamento de chacras e um escudo de aço.
Os prédios adormecem na luz das seis da tarde.
Tudo parece uma penumbra. Mas é só saudade.