FALSOS AMORES
Falsos amores não deixam lembranças,
menos ainda reviver desejos ocultos,
nem de lembrar, como fazem as crianças,
do beijo roubado, um delicioso furto...
Falsos amores são como folhas de calendário,
vivem e morrem no passado, sem utilidade;
lavados os lençóis, coração higienizado,
esquecidos são, meras e iníquas bobagens...
Dizem que esses amores deixam marcas,
que a borracha do tempo sempre apaga;
amores vis que se parecem com traças,
desaparecem depois do estrago, passam...
Falsos amores tem nome, sobrenome, endereço,
frequentam redes, as jogam, saem para pescar;
depois de esquecidos voltam para o antigo berço,
lançados das praias, sob gritos: voltem, oferendas,
para o mar...