DE TANTA SAUDADE
De tanta saudade,
deixo ao lado da cama um balde,
e com as lágrimas com gosto de fel
faço um barco de papel,
invento um rio pra chegar até você,
pra acabar com esse frio,
que parece maior que o céu...
De tanta saudade pedi licença à lua,
que descesse, envolta em nuvens, até sua rua,
te cobrisse de raios solares,
esses que escrevem poesias
nas águas dos mares,
que viessem a ti, suaves, voando,
para te encantares...
De tanta saudade fui até onde moras,
fiz dormir o relógio de tantas horas,
perdidas,
cada engenho que evoca a saudade,
à cada um pedi, reverente, a bondade
de me devolver os sonhos antigos,
que dentro do peito os trago, cá, comigo,
só eles me trarão você, me darão, de novo,
a vida.