CHUMBO & ALHO & FOUGÈRE
bebo um copo de água no basculante da sacada
quase depois da chuva passar ao redor da rajada
e deste fougère dominante e de terras molhadas
que os ventos rodopiam sobre as nuvens pratas
do breu de chumbo que entre a manhã se alastra
fecho os olhos e respiro todo este ar algodoado
que me leva sob as casas e os alhos da Baixada
a vida é mais farta e clara em cima dos telhados
dos terrenos baldios que não existem as peladas
que estão nas telas do lugar que é um outro lugar
volto ao meu quarto menos morto e pego o celular
para que voe o poema mesmo sem nome e sem ar.