BRAVURA (CONSCIÊNCIA NEGRA)
Bravura
Era família, laço
Sangue, amor.
Sequestraram-lhes
O fruto do ventre,
O berço, o seio,
Preciosos parentes
Princesas, guerreiros,
Reis e rainhas .
Roubaram-lhes
Pai, mãe, a lua,
O canto, a pátria.
Encurralados, deram-lhes
Algemas,
O porão de um navio.
Afundaram-lhes a luz.
Furtaram-lhes a paz, a vida.
Um oceano os atravessou
Distante de seus costumes
Seus ritos,
Um mar de lágrimas os inundou.
A saudade, foi o grito.
A dor, no lugar do riso.
Tiraram-lhes quase tudo,
A cultura, a liberdade, o respeito.
Mas não puderam extinguir do povo bravo,
A esperança, o sonho, a cor, a força.
A alma de quem além-mar nasceu livre.
E na luta, entre tantas feridas,
Reconquista sua história,
Resgata ainda a própria vida.
Paula Belmino