Só sei que vivi e rimo o viver.
Nasci, e no aconchego paterno dum abraço não estive.
Quis ter uma mátria carinhosa não tive, não a conheci.
Quis ter uma infância de alegria e fantasias não tive.
Mas somente a duras realidades e sem sonhos vivi.
Cresci me enamorei, me apaixonei, amei, sem amantes.
Dei de mim, dei amor, carinho, mas para ágio comércio,
Do humano querer não reluziu como ouro ou diamantes.
E fui, pois não quis comprar o amor com o frio sestércio.
Mas, mesmo assim tive filhos caros raros que se foram.
Talvez eu tenha errado em ser amante e em ser pai.
E hoje o poeta rima o passado que o presente, decoram.
Rimas de amores e sonhos da vida que segue e se vai.
(Molivars).