A quem quer comer esses versos

A quem querer comer estes versos

Sirva-se

As feridas por sobre a mesa estão postas

O olho está aberto

Espelho

É só se mirar

Reflexos

Não tem muitos critérios e falta métrica

É farta de dores e sangue

Vazados na ponta da pena

Risco no papel

Brilho na tela

Ela tem uma só cor: vermelha

A do grito de revolta e muita agonia

Alegria é pouca e vem depois

Não há delonga

Além de longas horas ao pé do torno

Fogo

Domando vulcões sob o risco da chibata na pele

Da vida

Revolta

Coragem é a palavra de ordem

É só poesia do meu jeito. Invenção minha

Feita fora da panela literária

Sem cozimentos

Ela é crua

Nua

Ela vêm da rua

Ela vem de dentro

Retratos da cidade

De um universo paralelo

De trevas e amarrar

Que desentoco

Desengaveto

Tiro as traças e o mofo e os solto por aqui