LIVRO
LIVRO
BETO MACHADO
A minha poesia passeava
De braços dados com meus cerebelos
E deu de olhos com um belo casarão,
Protetor de obras e de poetas.
Cofiou o branco dos cabelos
E ordenou que eu entrasse.
A fachada era em forma de LIVRO.
De dentro emanava o olor das páginas.
O encantamento arrebatou o meu olhar.
Paredes ornadas com fotos e capas
De LIVROS que eu bem conhecia,
Avermelharam minha face.
Mas eu resisti à força da emoção.
Não me permiti chorar.
As lágrimas tornam cinzenta
A vida das cores; embaçam o mundo,
Ainda que o mundo, de olhos nos LIVROS,
Das cores opacas se regenerasse.