O ENTARDECER DE CACHOEIRA ESCURA
Entardecendo.
Cala o moleque do picolé.
Fecha as portas o verdureiro.
A paisagem nua.
Rostos cansados
Atravessam as ruas.
Um grito atenta
a liberdade infantil.
Um tapa ecoa
Um suspiro vence as palavras
O estudante passa,
O beberrão se embriaga.
O marginal planeja
O viciado se dopa
Os inimigos se topam
As mariposas se enfeitam.
A menina na janela
O cachorro magricela
Os piolhos de botequim.
Palitos que se renovam.
Mãos viciadas.
Tilintar de copos
Troca de garrafas.
Um gemido acusa.
Os sentidos aguçam
E olhares furtivos
Varrem a escuridão.
O olhar tristonho
De um "crente " ordeiro
Faz a sua prece
Nesse devaneio.
Madrugada,
Mentes cansadas,
Embriagadas,
No travesseiro.
Mal descansa o corpo
Que retorna à luta.
Vida de guerreiro.
Começa o dia.
Grita o moleque do picolé