Olhos do sol

O sal da terra, a água do mar,

subterfúgio para os pés descalço

a vadiar nas areias quentes;

um corpo que começa a sonhar

com o luar, com as ondas e as fragas,

em cima das pedras que separam

a saibro do mar bronzeado.

O beijo da seiva em sua boca desbota seu batom,

come horas do dia escondido na sua ideia,

faz eclodir na efervescência, fios dos seus longos cabelos,

nos olhos recompensado do vento transparente,

que sopra no espírito, as velas dos veleiros,

que seguem calmamente pelo mar cansado,

onde inflam as nuvens do firmamento.

Eu via você ali deitada, relaxada,

entregue no querer dos pensamentos,

sendo invadida com um enorme desejo,

tornando-se envaidecida pelos olhos do sol

que penetrava a carne dos seus seios desnudos.

Você levantava em tom endossante,

os luzeiros moldavam a baba na boca que caia

com o olhar em cima dos fios de algodão

que cobria os anseios de seu sexo,

lindo e inconfundível como o azul do céu e mar.

Essas palavras escritas que talharam seu corpo

aos poucos some na escuridão de uma noite alegre,

polindo o andar de uma mulher assim como você,

de uma virgem sedutora no amor que se foi,

no apreciar do nascer de mais um dia

que chora no coração da amante.