O piscar dos olhos
Sol que nasce na fonte da natureza,
corre os seus raios sugando os pequenos
açudes que restam no sertão vereda
que o tempo insiste em destruir.
Sol, testemunha ocular,
das vacas magras
se arrastando ao léu
sem saber o que é gandaia.
Sol, que usa a sua força,
faz soar o som das enxadas.
que cantam a noite sem perceber
o silencio da tarde que se foi.
Sol mostra-se cansado do olhar
pagão da pobre gente do sertão,
que sente fome sobre a oração vazia,
no mundo a chorar sem hipocrisia.
Sol, seguimento forte que sem rumo,
busca no insano e bizarro norte,
o mote daqueles que ainda,
no piscar dos olhos
se acham fortes.