A VIDA É BOA
A VIDA É BOA
BETO MACHADO
A morte é uma fêmea sádica.
Pois gosta muito de zombar da gente.
Propõe nos pentear mas quebra o pente,
Bem antes de efetuar a prática.
A morte, quase sempre, é sórdida.
Noite passada me propôs um “quete”
Mas me lesou, tal qual a alva periguete
Que me encontrou na fria cama nórdica.
Não podemos confiar na morte,
Pois é certa a vinda dela,
Nem aguardá-la, angustiados, na janela,
Deixando a vida entregue à própria sorte.
Cuidemos da vida. Que essa sim, é boa.
E se nos trola, é de cara a cara.
Mas se houver descuidos, o tempo dela voa
E pousa, forçado, na grama de um haras.