Breu

Nas vazias ruas de Abreu,

há gente vivendo como cachorro,

Definhando de frio e de fome,

Babando por um cachorro-quente.

O prefeito, que não é ateu,

Ora prega sermão pra essa gente,

Martirizada feito um Cristo sem nome,

Ora só ora enquanto eles pedem socorro.

Pois o Verbo eles não têm…

Em comum…

Pra COMER, é preciso ter verba no bolso!

Bolso - isso eles não têm também.

São homens-bois com a corda no pescoço.

Sonhos: Nenhum.

Rg: Zé Ninguém.

E o que só verbera são os chicotes,

Que rebentam em suas costas esguias,

E a fome, sem teto nem suportes,

Que ocupa suas barrigas vazias…