O Cego Cantador

O cego cantador prostrado

Pelos degraus do templo santo

Em estado tísico, segurava o cajado

Um couro e osso, balbuciando:

"Passa tempo, passa hora

Não proíbas a demora

Toda alma que hoje chora

Amanhã sorrirá

Sou o profeta do absurdo

Peregrinei pelo mundo

E versei nas profundezas

Onde jaz toda a esperança

Da fé caridosa vivi

Desprezo demais sofri

E no final do dia ainda

Sobejava o Óbolo de Caronte

Por ainda não ser

A minha breve e finda hora

Sempre tratei de volver sem nada

E de outros cuidei da fome nefasta

Na minha cabana

O teto são folhas

E o chão é lama

Glória a Deus que ainda me ama"

Diogo Nascimento Oliveira
Enviado por Diogo Nascimento Oliveira em 11/11/2020
Reeditado em 12/11/2020
Código do texto: T7109332
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