SOPRO DE POESIA
SOPRO DE POESIA
Ouço um sopro
de poesia
a qualquer hora.
Alguma alma sopra-me,
passando no vento;
algum sopro
de sonho me lembro agora.
Apenas sinto
que esse sopro
me traz um bom alento.
A poesia habitua-se
em me soprar o poema
em gestação.
Um sopro intuitivo do que vejo,
do que sinto, em cada
poético instante.
Viver sem esse sopro,
que me nutre a artística razão,
é como o meu viver
sem o bem moralizante.
Às vezes o sopro vem
da própria consciência.
Outras vezes,
sopra-me alguma alma amiga.
Ouço sempre o sopro
da Divina Providência.
Lembro-me desse soprar
poético noutra vida antiga.
O sopro poético
é o que me importa,
desde que o ouça,
o sinta com lírica emoção;
construo o poema
pelo sopro que me conforta
o estro voluntário,
que por amor,
cumpro esse labor de artesão.
Sopra-me, poesia!
Sei que tem ciência
de que te ouço, te vejo, te sinto,
e te seguro!
Sopra-me no corpo do poema,
tua inata influência
que te faz soprar:
pra mim, pro leitor,
a arte de teu sopro com apuro!
Adilson Fontoura