Carcaça
Não quero tentar matar meu amor.
Nem quero alimentar brasas sob o peito.
Não me permito querer
Que tudo seja desfeito.
Mastigo meu desgosto
Tentando esquecer a amargura.
E enquanto divido em frações a dor,
Vejo que é mais fácil te amar por inteiro.
Apesar de não ter esperança
Nem desilusão.
Não espero mais e nada me surpreende.
Como só agora vi que te querer é uma perda de tempo?
Por isso digo que,
Não quero tentar matar meu amor,
Mas não quero alimentar brasas sob o peito.
Não quero que nada seja desfeito.
Hoje isso não será uma coisa que me cause desalento.
Minha dor não será lembrada amanhã de manhã
E sua voz não ficará em meus ouvidos.
Minha vida segue na incerteza
E na apatia.
Não me deixo deitar em devaneios
E não me impeço de sonhar.
Me seguro apenas no quanto isso pode ser
E o que nunca será.
Não me forço a querer tudo de volta
E não me proíbo de imaginar.
Não me surro afim de obrigar meu corpo a deixar de estremecer
E não permito que borboletas voem em meu estômago.
Não quero matar meu amor,
Mas não quero alimentar brasas sob o peito.
Não me permito nem por um segundo, querer que tudo seja desfeito.
Ficarei a observar a vida, deitada em meu leito.
Me concentrando apenas no que poderia ser, mas que nunca foi e talvez nunca seja.
Ainda não sei dizer que se segue sobrevivendo
Ou morreu faz tempo.
Sigo na incerteza e na apatia,
Apenas te escrevo só mais uma poesia.