Carcaça

Não quero tentar matar meu amor.

Nem quero alimentar brasas sob o peito.

Não me permito querer

Que tudo seja desfeito.

Mastigo meu desgosto

Tentando esquecer a amargura.

E enquanto divido em frações a dor,

Vejo que é mais fácil te amar por inteiro.

Apesar de não ter esperança

Nem desilusão.

Não espero mais e nada me surpreende.

Como só agora vi que te querer é uma perda de tempo?

Por isso digo que,

Não quero tentar matar meu amor,

Mas não quero alimentar brasas sob o peito.

Não quero que nada seja desfeito.

Hoje isso não será uma coisa que me cause desalento.

Minha dor não será lembrada amanhã de manhã

E sua voz não ficará em meus ouvidos.

Minha vida segue na incerteza

E na apatia.

Não me deixo deitar em devaneios

E não me impeço de sonhar.

Me seguro apenas no quanto isso pode ser

E o que nunca será.

Não me forço a querer tudo de volta

E não me proíbo de imaginar.

Não me surro afim de obrigar meu corpo a deixar de estremecer

E não permito que borboletas voem em meu estômago.

Não quero matar meu amor,

Mas não quero alimentar brasas sob o peito.

Não me permito nem por um segundo, querer que tudo seja desfeito.

Ficarei a observar a vida, deitada em meu leito.

Me concentrando apenas no que poderia ser, mas que nunca foi e talvez nunca seja.

Ainda não sei dizer que se segue sobrevivendo

Ou morreu faz tempo.

Sigo na incerteza e na apatia,

Apenas te escrevo só mais uma poesia.

Maria R Montozo
Enviado por Maria R Montozo em 08/11/2020
Código do texto: T7107030
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