PRÓDIGA POESIA

PRÓDIGA POESIA

Estava com sono,

mas a poesia

chegou-me inesperada;

claro que não te abandono,

flor silvestre orvalhada.

Vejo-te, poesia, ainda

sonolento,

embora agrade-me

o teu sorriso;

inspiro-me em teu olhar

desatento,

de quem chega

e não me envia aviso.

Ver-te em sonolência,

é como nutrir-me

em sonho;

de teu cheiro

que me tira a dormência,

diluindo-se

no poema que componho.

A poesia não se importa

com minha soneira,

como também

não me importo

com teu sono;

não me inspire, poesia,

à tua maneira,

pois o que escrevo,

brota apenas de meu ressono.

Então, se de algum modo

te agrado,

compondo algo

que te seja poético;

deixa-me cumprir o sono

inesperado,

minha pródiga poesia,

espelho da arte

com senso ético.

Adilson Fontoura

Adilson Fontoura
Enviado por Adilson Fontoura em 08/11/2020
Código do texto: T7106993
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