Cicatrizes

Minh'alma vai se derramando

Quase não acredito na infinitude

Das águas que dela escorrem ...

Quem observa minha quietude

Não sabe do meu rio desaguando

Não sabe das dores que morrem

E nem daquelas que viram poesia

Não sabe das dores que sangram

E nem daquelas que já cicatrizaram

Olho as cicatrizes do meu corpo

São poucas, quase nenhuma...

Mas, aquelas que habitam a minha alma

Estas... são por demais profundas

Já não me doem tanto quanto antes

Mas, às vezes, por ínfimos instantes,

Latejam, me dizendo " Estamos aqui!"

E , serena, respondo " Eu sei!"

Por essas cicatrizes, já chorei

Mas também, algumas vezes, sorri

Por saber que não são mais feridas

São marcas que me fazem lembrar

Como cheguei aqui e me tornei quem sou

Que eu poderia ter me perdido na trilha

Mas, ao contrário, aprendi a ser forte

Sozinha, precisei aprender a me reinventar

Nada foi azar nem tampouco sorte

Não me entreguei aos apelos da morte

Eu , com tinta de sangue, reescrevi minha vida

No papiro de minha alma quase vazia

Preenchi o preto e branco de cores

Percorri o caminho dos amores

Que me levaram para dentro de mim

Hoje sei que nunca chega o fim

Pois sempre recomeço e me reinvento

Mesmo que a alma não caiba aqui dentro

Por isso,.vou me derramando

E, em poesia, me transformando...

Ane Rose
Enviado por Ane Rose em 07/11/2020
Reeditado em 08/11/2020
Código do texto: T7106426
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