Fracasso
Certa vez fiz um poema infantil
e mostrei a uma criança como quem
se submete a uma avaliação.
Queria comprovar minha capacidade
de expressar sentimentos e
desejos de outras idades.
Ledo engano.
A criança pegou o papel, leu, releu,
leu de novo e me devolveu com
a terrível sentença: “Não entendi nada!”
Eu entendi:
no que dizia,
o poema
não lhe disse nada do que ela diz;
eu apenas dissera
o que, soberbo,
supus que ela diria.