Cálice
A igreja, omissa,
Reza a missa.
O padre acode de lá:
“Jesus vai voltar!”
Eu acordo de cá:
“Ele já voltou,
Viu o mundo-Cão,
Entrou em depressão,
E se matou,
diante da televisão.”
Diz o miserável do dízimo:
“E o nosso paraíso?”
O diabo privatizou…
Irmão...
O preço aumentou.
“Não temos nada com isso...”
Penso comigo:
“Quantos ainda serão dizimados,
Roubados, ultrajados, censurados
Em nome de um ser imaginário?”
“E o pão, meu Senhor?”
“Coma o corpo de Jesus.”
Pecador!
“Divida o peixe, pastor!”
“Eu mostro apenas a luz…”
Não sou pescador!
A igreja, solicita, diz o culto...
Reclama o pobrezinho do fiel:
“E o vinho, e o que necessito…?”
O pastor, com o dinheiro oculto:
“O caminho é amargo feito fel,
Mas permaneça em Cristo,
E cale-se com sua dor,
Que sua vitória terá sabor de mel…”